Toda gente conhece os nirvana. toda a gente conhece pearl jam. mas quantos conhecem poster children?  quicksand?

Toda a gente conhece red hot chilli peppers. Alice in chains.  Mas quantos já ouviram Superchunk? Jawbox?


Siga fazer justiça?

Fortuna dos noventa. agora era suposto criar um slogan mas que se foda.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

THE PROMISE RING - primeira parte.




É curioso constatar que só comecei a ouvir os the promise ring a sério praí em março deste ano. Não é tão curioso nem sequer interessante constatar que sou um idiota. a verdade é que os the promise ring não serão uma banda tão desconhecida quanto os quicksand, ou outras de que aqui falarei, mas não me lembro propriamente da banda a passar na televisão, ou nas rádios ou até através de povo a cantarolar modinhas dos tipos (algo que seria perfeitamente exequível, tendo em conta a facilidade destes gajos para arranjarem refrões e guitarras cola-cola).

Vindos do solarengo e exuberantemente turístico milwaukee - que fica a norte desse baluarte paradísiaco de nome chicago, já relativamente perto do tórrido canadá, os the promise ring começaram inicialmente por ser um side-project do vocalista e guitarrista Davey vonbohlen que tinha como ofício principal labutar nos igualmente muito bons cap n'jazz - que nunca editaram um disco enquanto existiram, havendo apenas um duplo álbum com as suas gravações de estúdio editado já posteriormente, em 98 - e que lá está com o fim da sua primeira banda passou a ser ofício full-time.

Os the promise ring sempre foram conotados com o real aparecimento do emo. Enquanto uns se metiam a fervilhar com guitarradas cheias de força e poder, outros decidiam acalmá-las para depois desbravarem em substância trepidante (ou não), por alguns momentos e com uns quantos laivos de indie-rock à mistura. E com vozes mais calmas e tranquilas diga-se. Os the promise ring serão a facção mais pesada deste sector, sendo que os sunny day real estate, os the get up kids e mesmo os death cab for cutie - que obviamente já surgiram enquanto consequência destas bandas- serão os nomes mais evidentes assim à primeira vista. E é neste tumulto simpático que os the promise ring se decidem lançar o seu álbum de estreia.



Tem um título sugestivo antes de mais. Letras fantabulásticas como:

"To dream of a duel, speaking furious in Latin, the scald scar of water
Woke snug as a virgin quietly hummin"- de "scenes from france"

ou

"Your young English eyes on the highways,
climbs and dives, climbs and dives like its alive,
And the black in Indiana is leaving for Atlanta" - de every where in denver

E são mesmo fantabulásticas não me fodam: aliás praí o melhor dos the promise ring e que infelizmente foi esmorecendo com o passar dos discos são as letras meio nonsense que a banda possuía. Era mesmo imagem de marca: guitarras por vezes meio bipolares, voz estranha e por vezes meio impronunciável, melodias que colam e pois claro letras recheadas de peculiariedade. 30º degrees everywhere não é só a soma de todos estes elementos: é também um excelente disco de pequenas canções, a larga maioria delas não vai a mais que os três minutos e meio, que não se assimila de imediato. è melodicamente bastante rico, com diversas nuances que a produção do mesmo também enaltece e parece ser algo meio amorfo da primeira vez que se ouve. Uma espécie de melodias sem um encadeamento propriamente lógico e verosímil. Foi assim que ouvi pela primeira vez este tema fantástico por exemplo:



"A picture postcard" é dos temas que mais gosto deste disco, e consegue perfeitamente enquadrar tudo aquilo que fui referindo acerca dos the promise ring: começa lenta, baixa, lume brando e quês, para ir crescendo e acabar não apoteótica mas esfusiante digamos assim. è nestes termos que falo: temas curtos com algumas variantes musicais sempre deste registo de rock com laivos emo e indie ao mesmo tempo, letras meio subliminares e ficamos por isto.

De qualquer forma falta o essencial: "30º degrees everywhere" não parece nem à primeira nem à segunda nem à terceira, mas é um disco excepcional dentro do género e não só. Tem desvarios mas é coeso, é catchy mas é complexo, é curto mas tem um corolário enorme de intensidade. E aquilo que parece somente mais um disco de uma banda emo com algumas influências mais indie pelo meio torna-se um colosso musical, uma verdadeira caixinha de surpresas. Embora tenha tido algum hype quando foi lançado, neste momento julgo que justiça a este disco não foi feita, precisamente por causa da merda seca que o nome emo passou a querer dizer para a maioria da população. Mas não se enganem: 30º degrees everywhere é aquela babe que à primeira pode não parecer a melhor do universo, mas aos poucos vamos começando a micar e a ficar naquela do "como raio não reparei nela antes?". Clássico.



Antes de ter saído o segundo disco, os the promise ring editaram no mesmo ano "horse latitudes" um álbum de lados b com gravações antigas. tem o seu valor histórico e tem temas particularmente interessantes, como "saturday" ou "e.texas.ave." que surgiu de um split ep com os texas is the reason. é um disco que funciona bem sozinho com canções simples e imediatas que ficam novamente no ouvido.





Começa assim o tomo segundo da banda de millwaukee. Em 1997 "nothing feels good" foi a continuação relativamente lógica do primeiro disco. Sabendo da complicação que era fazer novamente algo semelhante a "30º degrees everywhere" a banda começou aqui a realizar uma "aligeirização" do seu som que culminou no seu último disco "wood/water". Neste sentido as canções já têm outro corpo, uma consistência mais sólida e sobretudo nota-se que estão mais trabalhadas, mais bem produzidas e com um certo maniqueísmo a contrastar com a ingenuidade da estreia.



O emo continua lá, como se pode averiguar nesta excelente "is this thing on?" um dos meus temas preferidos dos gajos. Contiuam as guitarras, mais catchy que nunca, a voz já se compreende melhor, e a letra "delaware are you aware the air supply" acho que continua subliminar o suficiente. O que mudou então? Basicamente o que referi acima. Este novo álbum está muito mais bem trabalhado, e perde de facto aquele impacto inicial. Mas a questão é: ele vale por si? Sem dúvida. "Nothing feels good" não sendo a devastação surpreendente do primeiro, tem um feeling muito seu e é uma constatação que os the promise ring estiveram mais preocupados com o disco a funcionar bem, do que propriamente com a recepção ao dito. è certo que duvido que temas como "why did we ever met" ou "a broken terror" provavelmente não teriam lugar em "30 degrees..." mas isso é irrelevante. Este é um disco de boas canções, mais leve, mais acessível, um registo mais limpo e passível de agradar a uma falange maior de público. E a banda continua completamente relevante.



Na segunda parte veremos os dois últimos discos e consequente fim dos promise ring. e igualmente os caminhos que os seus membros tomaram - pelo menos aqueles de que me lembrar e achar porreiraço referir.

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